
A proteção das funções cognitivas, conhecida como neuroproteção, envolve estratégias que defendem o sistema nervoso central de doenças degenerativas.
As principais alterações na patogénese da neurodegeneração são a ativação pro-inflamatória, a ativação de células imunológicas e a depleção do sistema antioxidante.
A dieta e os estilos de vida são atualmente reconhecidos como fatores determinantes da neuroproteção.
Estima-se que cerca de metade dos casos de doença de Alzheimer (DA) no mundo possam ser potencialmente atribuídos a fatores de risco modificáveis, tais como a dieta e os estilos de vida.
Também o excesso de peso e a obesidade se associam a menor desempenho cognitivo, declínio cognitivo e demência.
As pessoas com maior adiposidade estão em maior risco de desenvolver DA e a adiposidade central associa-se a declínio cognitivo e demência.
A gordura corporal promove a inflamação. Na DA existe menor capacidade antioxidante e os doentes apresentam maior dano oxidativo nos lípidos de membrana, proteínas e no DNA, nos estados avançados da doença.
Dois fatores consistentemente associados a menor risco de declínio cognitivo são a prevenção da obesidade, a perda de peso e exercício físico, bem como a dieta mediterrânica, rica em crucíferas, tomate, vegetais de cor verde escura, óleos vegetais, pescado, fruta, oleaginosas e pobre em carnes vermelhas, processadas e em gorduras animais.
A intervenção dietética é mais eficaz e significativa em pessoas assintomáticas, na fase pré-clínica, antes de desenvolverem incapacidade funcional e demência. Contudo, alterações nas escolhas alimentares em linha com a dieta mediterrânica e estilo de vida mesmo em idade avançada podem abrandar o processo fisiológico de neurodegeneração, reforçar o sistema imunológico e permitir uma melhor recuperação de estados inflamatórios.
Sendo que a DA se inicia 20 a 30 anos antes dos sintomas de perda de memória, várias estratégias nutricionais bem como outras no estilo de vida são a forma mais apropriada para gerir e prevenir a doença.
O corpo de evidência científica sugere que várias intervenções dietéticas podem ser efetivas na prevenção e gestão da DA, incluindo a fase pré-clínica, declínio cognitivo moderado e demência associada à DA, bem como no declínio cognitivo no geral.
Praticar a dieta mediterrânea, a ingestão de alimentos ricos em ácidos gordos ómega-3 para pessoas com declínio cognitivo ligeiro, flavonoides e vitaminas do complexo B naqueles com declínio cognitivo ligeiro, bem como naqueles que estão em risco, são algumas das estratégias consideradas pela Academia Americana de Neurologia.
Dra. Inês Domingos – Nutricionista