
Intervenção Não-Farmacológica
A intervenção não-farmacológica diz respeito a um conjunto de intervenções que visam maximizar o funcionamento cognitivo e o bem-estar da pessoa, bem como ajudá-la no processo de adaptação à doença. As atividades desenvolvidas têm como fim a estimulação das capacidades da pessoa, preservando, pelo maior período de tempo possível, a sua autonomia, conforto e dignidade.
O Tratamento da Doença de Alzheimer deve conciliar a intervenção farmacológica com a intervenção não-farmacológica*
* Resultados do Projecto European Collaboration on Dementia (Eurocode) conduzido pela Alzheimer Europe e financiado pela Comissão Europeia.
A Importância Da Estimulação Cognitiva
A estimulação cognitiva, nas suas diferentes modalidades, pode ter um papel terapêutico complementar, contribuindo para um melhor desempenho e melhor bem-estar do doente. É de supor que o grau de vigília que requer, e a carga lúdica que pode proporcionar, em alguns doentes e em determinadas circunstâncias, podem proporcionar aqueles desideratos. É essa a perceção que alguns casos clínicos nos proporcionam. Todavia, para uma medicina baseada na evidência, os estudos disponíveis não são conclusivos de uma eficácia transversal nas situações de demência, em si desde já tão diversas.
A Estimulação Cognitiva
Nos últimos anos têm sido publicados diversos estudos na área da reabilitação cognitiva, nomeadamente com recurso a plataformas computorizadas de treino cognitivo. No entanto, torna-se complexo, perante o estado da arte atual, averiguar a eficácia neste tipo de estratégias de reabilitação cognitiva, o que em muito se deve às limitações inerentes aos estudos publicados, como por exemplo: não serem estudos randomizados, pela insuficiente caracterização dos grupos clínicos, pelos reduzidos tamanhos das amostras, por significativas lacunas ao nível do procedimento de avaliação neuropsicológica baseline e follow-up, pela inexistência de estudos com um follow-up de médio ou longo prazo, entre outras.
De um modo geral, as investigações têm evidenciado uma melhoria a curto prazo ao nível da capacidade funcional (atividades de vida diária) dos pacientes com queixas subjetivas de memória e com MCI (Miotto, Serrao, Guerra, et al., 2008; Rozzini, Costardi, Chilovi, et al., 2007), no entanto, os resultados não se têm confirmado nos pacientes com Doença de Alzheimer. A exemplo, Kurz e colaboradores (2009) demonstraram num estudo com follow-up de 4 semanas, que os pacientes com MCI (Défice Cognitivo Ligeiro) beneficiam de um programa de reabilitação cognitiva ao nível das AVD (Atividades da Vida Diária), do humor e do desempenho ao nível da memória. É ainda frequente que as conclusões de alguns destes estudos extrapolem de um modo demasiadamente positivo as implicações dos resultados encontrados. Na melhor das hipóteses parece ser razoável considerar que o treino cognitivo com base em programas de reabilitação cognitiva computorizada poderá contribuir para um adiamento da contínua progressão do défice cognitivo dos pacientes no espectro do MCI e AD.