
Terapêutica Farmacológica
Demência é o termo utilizado para descrever os sintomas de um grupo alargado de doenças que causam um declínio progressivo no funcionamento da pessoa. É um termo abrangente que descreve a perda de memória, capacidade intelectual, raciocínio, competências sociais e alterações daquilo que seriam consideradas reações emocionais normais. A Demência causa um prejuízo significativo no funcionamento diário da pessoa.
Fármacos utilizados no tratamento dos sintomas cognitivos da Demência
Em Portugal existem, atualmente, vários fármacos disponíveis para as pessoas com Demência. Estes dividem-se em duas categorias: terapêutica colinérgica e Memantina.
Terapêutica Colinérgica
Em algumas pessoas e durante um período de tempo limitado, os fármacos colinérgicos produzem alívio dos sintomas da Doença de Alzheimer. Estes fármacos, conhecidos como inibidores da acetilcolinesterase, bloqueiam as ações da enzima acetilcolinesterase, que é responsável pela destruição de um neurotransmissor importante denominado – acetilcolina. A atual terapêutica colinérgica está indicada para pessoas com Doença de Alzheimer, nas fases ligeira e moderada. Os inibidores da acetilcolinesterase são comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde. As pessoas que foram diagnosticadas com Demência podem adquirir os medicamentos com comparticipação, desde que sejam prescritos por um médico neurologista ou psiquiatra.
Saiba mais sobre Terapêutica Colinérgica
Memantina
A Memantina atua num neurotransmissor denominado – glutamato. Este está presente em concentrações elevadas nas pessoas com doença de Alzheimer. A Memantina bloqueia o glutamato e evita a entrada excessiva de cálcio nas células nervosas, o que iria causar danos nestas. A Memantina é a primeira de uma nova classe de fármacos e atua de forma muito diferente dos inibidores de acetilcolinesterase, que estão atualmente aprovados para o tratamento em Portugal.
A Memantina está indicada para pessoas com doença de Alzheimer nas fases moderadamente grave e grave. É um medicamento comparticipado pelo Serviço Nacional de Saúde.
Como obter a medicação
É importante que a pessoa tenha um diagnóstico de Doença de Alzheimer e não de outra forma de demência, e que a fase atual da doença esteja determinada.
A prescrição deste tipo de medicamentos é realizada por um médico especialista – neurologista ou psiquiatra.
Tratamento de outros sintomas associados à Demência
A demência causa, frequentemente, vários sintomas comportamentais e psicológicos que podem provocar muita angústia, como por exemplo: depressão; ansiedade; insónia; alucinações; ideias de perseguição; identificação incorreta de parentes ou lugares; agitação; e comportamento agressivo. Estes sintomas podem melhorar com a transmissão de tranquilidade à pessoa, realização de uma mudança de ambiente ou eliminação da origem do sofrimento, por exemplo: da dor. No entanto, por vezes, a medicação será necessária para aliviar os sintomas.
Antipsicóticos
Os antipsicóticos, também conhecidos como neurolépticos ou tranquilizantes maiores, são utilizados para controlar a agitação, agressividade, delírios e alucinações. Os antipsicóticos “típicos” tal como haloperidol (Haldol) já não são os maioritariamente utilizados. Estes podem ter efeitos secundários significativos que incluem: sedação excessiva, vertigens, instabilidade e sintomas que se assemelham aos da doença de Parkinson (tremor, lentidão e rigidez dos membros). As pessoas mais idosas são mais propensas a apresentar estes efeitos secundários. Os antipsicóticos típicos podem ser particularmente perigosos para as pessoas com Demência com Corpos de Lewy.
Os antipsicóticos mais recentes – “antipsicóticos atípicos”, tais como risperidona (Risperdal) e olanzapina (Zyprexa), têm menos efeitos secundários e são mais comummente utilizados. Estes parecem ser úteis no tratamento da agressividade e psicose, mas podem estar associados a um aumento significativo do risco de acidente vascular cerebral. Qualquer que seja o medicamento utilizado é importante existir um equilíbrio entre os benefícios e os possíveis efeitos secundários, bem como manter a pessoa regularmente e cuidadosamente vigiada.
Fármacos para o tratamento da depressão
Os sintomas depressivos são extremamente comuns nas pessoas com Demência. De um modo geral, a depressão pode ser tratada eficazmente com anti-depressivos, mas deve ser assegurado que o tratamento é realizado com o menor número de efeitos secundários possível.
Fármacos para o tratamento da ansiedade
Os estados de ansiedade, acompanhados de ataques de pânico e de medo irracional, podem ser muito aflitivos para uma pessoa com Demência e criar uma situação de stress nos familiares e cuidadores. As benzodiazepinas são um grupo de medicamentos que podem ajudar a aliviar a ansiedade de curta duração. Apesar de serem muito eficazes na redução imediata da ansiedade, a maioria dos indivíduos apresenta uma habituação rápida aos seus efeitos e decorrente desta situação tornam-se menos benéficas com o passar do tempo. A interrupção das benzodiazepinas está frequentemente associada ao retorno dos sintomas de ansiedade e não deve ser realizada sem supervisão médica.
Fármacos para o tratamento das perturbações do sono
Acordar persistentemente e vaguear durante a noite pode originar uma série de dificuldades. Muitos fármacos prescritos para a Demência podem causar sedação excessiva durante o dia, o que leva a que a pessoa não consiga dormir à noite. Aumentar a estimulação durante o dia pode reduzir a necessidade de medicamentos indutores do sono, à noite. Os fármacos para tratar as perturbações do sono devem ser utilizados como último recurso, uma vez que as pessoas podem tornar-se dependentes deles e a paragem deste tipo de medicação pode ser seguida pelo regresso da insónia e ansiedade.
Lembre-se que…
- Todo e qualquer medicamento só pode ser prescrito por um médico. Só o médico tem conhecimentos para prescrever um medicamento, alterar a sua dosagem ou eliminar o medicamento do tratamento da pessoa;
- Todos os fármacos podem ter efeitos secundários, alguns dos quais podem piorar a sintomatologia da pessoa;
- Deve perguntar ao médico porque é que o medicamento está ser prescrito e que efeitos secundários podem ocorrer;
- Um fármaco que é útil no tempo presente pode vir a ser ineficaz no futuro devido às mudanças progressivas causadas pela Demência;
- Não deve esperar resultados imediatos. Os benefícios podem demorar várias semanas a surgir, especialmente no caso dos antidepressivos. Converse com o médico sobre esta situação;
- É importante que o tratamento seja reavaliado regularmente;
- Deve manter um registo de todos os medicamentos, incluindo dos medicamentos alternativos e levá-lo para as consultas médicas;
- Muitas pessoas com Demência tomam vários fármacos para sintomas diferentes. É importante conversar com o médico sobre qualquer interferência que os medicamentos possam ter uns sobre os outros
Questões que pode colocar ao médico, caso sejam prescritos fármacos
- Quais são os potenciais benefícios de tomar este medicamento?
- Quanto tempo vai demorar até notar uma melhoria?
- O que se deve fazer no caso de uma dose não ser tomada?
- Quais são os efeitos secundários conhecidos?
- O medicamento deve ser interrompido caso existam efeitos secundários?
- O que é que acontece se o medicamento for interrompido de repente?
- Que outros medicamentos (prescritos e de venda livre) podem interagir com o medicamento?
- Como é que este medicamento pode afetar outras situações clínicas?
- Existem algumas alterações que devem ser comunicadas imediatamente?
- Com que frequência se deve realizar uma consulta com o médico que prescreveu a medicação?
- Este medicamento é comparticipado?
Todas as informações aqui prestadas são para conhecimento geral e não representam, por parte da Alzheimer Portugal, qualquer recomendação para a utilização de um fármaco específico.
Adaptado de Alzheimer Australia