A resposta apareceu ao fim de largos anos

Os dias, as semanas, os meses e os anos passavam com grandes atribulações. Confusão, alucinação, delírio, desconfiança e esquecimentos rodeavam meu pai, um ?pobre? ser humano indefeso, incompreendido por vezes, por muitos, mas que com muita paciência, amor e compaixão, minha mãe, cuidadora, fazia o melhor que podia.

Porém, com o correr do tempo apercebia-me que ele próprio notava em si algo estranho, que não conseguia controlar e que tentava disfarçar deixando-o, muitas vezes deprimido. Com a impossibilidade de levantar-se da cadeira, de sair da cama, de levantar-se do chão quando caía, a situação agravou-se e a minha mãe sentia-se incapacitada física, mental e emocionalmente. Estava exausta. Para preservar a sua saúde eu tinha de fazer algo por ela e procurava alguém que me pudesse informar acerca da doença. Indicaram-me a APFADA ? Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer, e foi lá que me dirigi. Extraordinária foi a maneira como me receberam. Nunca mais me esquecerei da Srª Enf.ª Silva Dias. Estou-lhe muito grata pelas suas palavras de conforto e elucidação, assim como a todos aqueles que me auxiliaram directa ou indirectamente.

Actualmente o meu pai está institucionalizado. Era inevitável. Na vida temos de tomar certas decisões, embora dolorosas. Não nos podemos deixar levar pelo coração. Nós temos limites e temos de estar despertos para eles. O forte também tem rotura.

A vida ensina-nos. É uma autêntica escola.

Maria João Gil
2011