
Hoje, dia 5 de novembro, celebra-se o Dia Nacional do Cuidador Informal.
A Associação Alzheimer Portugal esteve ontem, dia 4 de novembro, presente no 1º Encontro RACCI – Redes de Autarquias que Cuidam dos Cuidadores Informais, no contexto do Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais, do qual a Associação faz parte. O encontro teve como principal objetivo dar a conhecer as várias iniciativas levadas a cabo por Autarquias, para cuidar de quem cuida.
Durante este Encontro referiu-se a importância de nos lembrarmos o que nos distingue dos nossos antepassados hominídeos: o ato de cuidar. Antropólogos encontraram recentemente, o esqueleto de um ser humano com 30.000 anos, que tinha parte da perna e pé amputado. Todos os dados indicam que terá existido muito cuidado, até no alívio da dor daquela pessoa, que viveu vários anos após a operação a que foi sujeita.
Percebemos então que o ato de cuidar vai muito além de um instinto de sobrevivência. Nasce de um sentimento de empatia e compaixão que nos impulsiona a aliviar o sofrimento do outro, mesmo quando isso envolve sacrifício pessoal. Os cuidadores frequentemente abdicam das suas próprias necessidades para garantir que aqueles sob os seus cuidados se sintam seguros e amparados. Essa disposição para ajudar e esse compromisso constante são um testemunho do que significa ser humano.
Cada gesto, cada palavra e cada toque, são oportunidades de criar uma conexão significativa. Ao contrário dos hominídeos, cuja interação de cuidado é geralmente limitada a laços familiares próximos, os seres humanos desenvolvem uma rede complexa de apoio, onde o cuidado transcende laços biológicos. O cuidador pode ser um amigo, um vizinho ou até mesmo um profissional que escolheu dedicar a vida para apoiar os outros. É essa profundidade de vínculo e a troca emocional que transformam o cuidado numa experiência de vida para ambos.
Cuidar de alguém requer não só amor, mas também coragem e resiliência. A vida dos cuidadores é muitas vezes marcada por desafios emocionais e físicos, que exigem uma força imensa. O ato de cuidar é coletivo: quando alguém cuida, toda a comunidade deveria estar envolvida, oferecendo suporte e reconhecimento. Na nossa sociedade, precisamos de reconhecer o valor dos cuidadores e criar sistemas de apoio para que eles também se sintam cuidados.
Caminhando neste sentido, no dia 4 de outubro de 2024, foram aprovadas novas medidas em Conselho de Ministros, que visam reconhecer e valorizar o papel crucial dos cuidadores informais, tornando o acesso ao Estatuto do Cuidador Informal mais inclusivo. As medidas propõem até facilitar o suporte em casos onde o cuidador não é um familiar direto, algo que até agora era ainda um desafio. Desejamos que a aplicação destas medidas aconteça em breve, promovendo o respeito e o apoio necessário aos nossos cuidadores.
O cuidado é uma das expressões mais profundas da humanidade. Ao valorizarmos os cuidadores e reconhecermos o seu papel essencial, estamos a construir uma sociedade que respeita e valoriza a dignidade de cada ser humano. Que este reconhecimento seja não só uma lembrança, mas também uma promessa de que ninguém que cuida ficará desamparado.