Grécia, Libano, Mónaco, Marrocos, Tunísia, Malta, França, Espanha e Portugal – países unidos por laços históricos, culturais e geográficos e partilhando os mesmos valores da solidariedade entre gerações, uniram-se numa aliança comum para combater a Doença de Alzheimer.

A declaração «Aliança Alzheimer do Mediterrâneo» foi assinada pela Alzheimer Portugal, representada pela Vice Presidente da Direção, Maria de Fátima Brito.

Esta iniciativa parte do reconhecimento de que a Doença de Alzheimer é muito mais que um problema de saúde e tem enormes repercussões nos aspetos sociais, culturais e económicos de cada sociedade, ao mesmo tempo que sofre o seu forte impacto, impondo-se um diagnóstico global desta patologia. Assim como se impõe uma resposta integrada.

Conforme foi possível constatar pelas apresentações que cada uma das associações fez do seu próprio trabalho e do contexto nacional em que se insere, os principais traços comuns são: a) – as associações têm que se assumir como prestadoras de cuidados e de apoio às famílias, pela inexistência ou inadequação de estruturas governamentais; b) – a família é, nestas sociedades, a principal prestadora de cuidados, recaindo uma enorme sobrecarga sobre as mulheres, com reflexos muito nefastos no equilíbrio familiar, em especial no que toca ao acompanhamento dos filhos; c) – as associações têm um dinamismo, uma força e uma criatividade inigualáveis que não se podem perder e que é preciso dar a conhecer aos decisores políticos para que reconheçam o seu enorme papel no combate à doença de Alzheimer.

Face ao exposto, as associações signatárias apelam a todas as organizações associativas, científicas e profissionais do Mediterrâneo dedicadas à problemática das demências que colaborem entre si para:

– Criar uma rede de especialistas que promovam a partilha entre as associações e as organizações científicas e profissionais, envolvidas nas demências;

– Melhorar e aumentar o conhecimento, através da observação e identificação das necessidades e questões emergentes, produzindo trabalho especializado e pluridisciplinar nesta área específica das demências;

– Promover e difundir iniciativas locais, boas práticas e experiências inovadoras na região do Mediterrâneo, para garantir qualidade de vida às pessoas com demência e aos seus cuidadores;

– Propor recomendações e promover planos a nível local, Europeu e Internacional, e transformar a demência em prioridade na região do Mediterrâneo;

– Extender esta rede de trabalho a outros especialistas ou equipas de investigação em questões relacionadas com esta região;

– Encorajar a colaboração entre associações e a comunidade científica bem como a criação de parcerias;

– Desenvolver formação para os profissionais nos países do Mediterrâneo onde se verifica uma crescente necessidade a este nível.

A assinatura da Aliança Alzheimer do Mediterrâneo foi uma iniciativa da AMPA – Associação Monegasca para a Investigação sobre a doença de Alzheimer e teve lugar no âmbito do workshop que organizou juntamente com a Espoir Maroc Alzheimer (Associação de Alzheimer de Marrocos) que teve lugar nos dias 3 e 4 de abril em Marraquexe.

A este workshop, destinado a partilhar informação sobre o trabalho realizado por cada uma das associações intervenientes, bem como a encontrar os pontos comuns para trabalho futuro, seguiu-se um Congresso Científico, subordinado ao lema: «Jovens de hoje, velhos de amanhã».

Este congresso contou com a participação de diversos especialistas, sobretudo franceses das Universidades de Toulouse e de Lyons, que transmitiram os seus conhecimentos em diversas áreas: genética, perspetivas terapêuticas (novos medicamentos e ensaios clínicos), intervenção não farmacológica, biomarcadores, a doença de Alzheimer e o comprometimento das funções executivas, as diferenças entre a instalação precoce e tardia da doença de Alzheimer, temas que mereceram o interesse e a participação de uma plateia composta principalmente por jovens estudantes marroquinos mas também por cuidadores.

Destes cinco dias de trabalho saiu reforçada a nossa convicção de que, sendo a doença de Alzheimer e as outras demências um fenómeno de grande escala que ultrapassa as fronteiras de cada país e de cada continente, as abordagens nacionais, por mais ambiciosas que sejam ficam sempre muito aquém do que é preciso fazer.

Na verdade, apesar das especificidades de cada cultura, as necessidades das pessoas são as mesmas e é indiscutível a força e o poder de mudança que se ganha quando se reconhece a globalidade do problema e se unem esforços numa batalha comum que será cada vez de mais pessoas face às previsões de crescimento do número de novos casos de demência nas próximas décadas.

A assinatura da Aliança Alzheimer do Mediterrâneo é um símbolo importante mas o mais importante está para vir – o trabalho em conjunto em cumprimento dos compromissos agora assumidos.

A Alzheimer Portugal sempre acreditou nas vantagens do trabalho para além fronteiras e por isso é membro ativo, desde há vários anos, da Alzheimer Europe. Esta Aliança, mais específica, vai complementar e reforçar o nosso esforço no sentido da melhoria da qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus cuidadores bem como para uma sociedade que as integre e respeite os seus direitos.