Boa prestação de cuidados em contexto residencial

Aqui pode encontrar a descrição de alguns aspetos importantes para uma boa prestação de cuidados a pessoas com Demência, que vivem em unidades residenciais. Estes aspetos incluem o envolvimento dos parentes e amigos.

A boa prestação de cuidados baseia-se em quão bem uma unidade residencial responde às necessidades de cada residente. Alguns aspetos da boa prestação de cuidados variam entre os indivíduos, de acordo com as suas necessidades e preferências. Poderá ter de considerar várias questões e priorizar o que é importante para si nos cuidados prestados à pessoa com Demência.

Seguidamente, apresenta-se uma lista dos aspetos importantes de uma boa prestação de cuidados. Ao visitar uma determinada unidade residencial poderá deparar-se com a necessidade de melhorias em algumas áreas. Caso esta situação ocorra, deverá em primeiro lugar discutir as suas preocupações com a direção da referida unidade. Se mesmo assim mantiver algumas preocupações, a Alzheimer Portugal poderá informá-lo sobre outras organizações existentes na sua área residencial.

Os aspetos importantes de uma boa prestação de cuidados
Os aspetos da boa prestação de cuidados que seguidamente serão enumerados, não são os únicos existentes. Provavelmente, poderá pensar noutros aspetos, que talvez sejam mais importantes para si. Para algumas pessoas, a flexibilidade em relação às refeições, aos horários de visita não restritos ou à existência de privacidade e espaço para o residente e visitantes passarem algum tempo juntos, também são aspetos essenciais de uma boa prestação de cuidados. A seguinte lista não foi elaborada numa ordem particular de prioridade. Todos os aspetos são importantes.

1. Uma abordagem eficaz na prestação de cuidados

Os cuidados eficazes na Demência requerem uma forte liderança e o apoio da direção e da equipa que assiste diretamente a pessoa. Requerem, também, uma equipa de profissionais maior, do que outras unidades residenciais não especializadas, para cuidar dos residentes e um foco no cuidado centrado na pessoa. Os cuidados centrados no residente fornecem uma abordagem individualizada da prestação de cuidados à pessoa de modo a garantir a sua integridade física e o seu bem-estar social, cultural e mental.

A equipa precisa de formação e competências na prestação de cuidados na Demência e na gestão de necessidades especiais para poder proporcionar bons cuidados. A equipa deve ser encorajada a adotar e a implementar uma abordagem de cuidados centrada na pessoa. Esta abordagem proporciona à pessoa residente o apoio necessário para manter o seu bem-estar. Ao prestar o apoio essencial ao indivíduo, o serviço incentiva o residente a manter, tanto quanto possível, a sua independência, preferências e estilo de vida.

Algumas formas de cuidar de pessoas com Demência que estejam agitadas ou inquietas são:

  • O espaço da unidade deve ser adaptado a pessoas com Demência e incluir áreas para uma deambulação em segurança;
  • Delinear programas individualizados de atividades;
  • Criar uma área tranquila, afastada da zona da televisão;
  • Fazer uma massagem com óleo perfumado relaxante;
  • A presença de animais de estimação pode ter um significativo efeito calmante

Em determinadas alturas, talvez seja necessário obter aconselhamento de um médico. Este poderá sugerir uma revisão da medicação ou, em casos extremos, a avaliação da pessoa numa unidade especializada.

Todas as necessidades de cuidados especiais devem ser incluídas no plano de cuidados da pessoa. Deverá ser convidado a manifestar a sua opinião no desenvolvimento de estratégias e ações que possam ser necessárias para controlar comportamentos específicos.

2. Cuidados culturalmente apropriados

Adotar uma abordagem de cuidados que procura conhecer e compreender a cultura de cada residente é um princípio para proporcionar uma boa prestação de cuidados às pessoas com Demência de diferentes origens culturais.

Devem ser realizados esforços para comunicar na língua preferida da pessoa e para lhe proporcionar um ambiente culturalmente familiar.

3. Envolvimento dos familiares e amigos

Uma boa prestação de cuidados deve envolver, tanto quanto possível, a participação dos familiares e amigos. Isto inclui consultá-los e envolvê-los ativamente no planeamento e avaliação dos cuidados. Devem ser tratados como parceiros na prestação de cuidados e não apenas como alguém que pode ajudar no período das refeições. Os familiares e amigos devem, ainda, ser incentivados a participar nos encontros e reuniões dos residentes e num grupo de apoio.

4. Gestão eficaz da dor

As pessoas com Demência quando estão com dor são, frequentemente, incapazes de comunicá-lo a alguém. A única maneira de sabermos que estão com dor é através das alterações do comportamento, tais como inquietação, irritabilidade ou agressividade. É importante certificar que a dor não é a causa subjacente de uma alteração do comportamento.

Uma gestão eficaz da dor diminui a ocorrência de confusão e angústia e reduz a necessidade de medicações psicotrópicas (medicações que relaxam e tranquilizam as pessoas). A equipa da unidade residencial deve ter competências clínicas para a avaliação e gestão da dor e deve reconhecer e aproveitar a experiência dos familiares e cuidadores nesta área. O objetivo de uma boa gestão da dor é garantir que o residente se mantém sem dores. Isto pode significar procurar abordagens alternativas para o controlo da dor, tais como massagem, acupuntura, etc.

5. Nunca recorrer à contenção física e farmacológica

A prestação de bons cuidados de enfermagem significa que nunca é necessário realizar a contenção física ou farmacológica a uma pessoa. A dignidade e o respeito pela pessoa com Demência devem ser, sempre, mantidos.

Os dispositivos físicos tais como coletes, faixas, imobilizadores de punho, talas, gesso, luvas, cintos de imobilização, grades na cama, grades e travões nas cadeiras de rodas e lençóis, são alguns dos mecanismos, por vezes, utilizados para fazer a contenção. Outras abordagens, tal como isolar a pessoa num quarto fechado ou separado, também podem ser consideradas como formas de contenção.

A contenção farmacológica inclui os tranquilizantes e sedativos, quando são utilizados fora dos seus principais objetivos terapêuticos.

A unidade residencial deve ter uma política sobre a contenção e deverá disponibilizá-la para si. Solicite uma cópia, caso não lhe tenha sido entregue.

6. Especialidades

A avaliação psicogeriátrica e o aconselhamento na gestão da Demência são importantes para uma boa prestação de cuidados a pessoas com Demência. O aconselhamento de outros profissionais de saúde, tais como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, dietistas ou psicólogos, pode ser muito útil para alcançar uma melhor qualidade de vida para a pessoa com Demência.

Lembre-se

A chave para uma boa prestação de cuidados é assegurar que o ambiente é o mais familiar possível e as necessidades e desejos da pessoa são assegurados, proporcionando, assim, uma boa qualidade de vida à pessoa com Demência. Esta prestação de cuidados deve, ainda, ser centrada numa abordagem flexível, de modo a oferecer o melhor apoio possível ao à pessoa.

Adaptado de Alzheimer Australia