Comunicação do Diagnóstico à pessoa com Demência

Para os que estão envolvidos nesta situação, escolher entre informar ou não a pessoa com Demência do seu diagnóstico é uma decisão difícil e de carga emocional elevada.

O progresso nos meios de diagnóstico tem permitido que a Demência seja diagnosticada, cada vez mais, numa fase inicial. Esta situação possibilita às pessoas com Demência uma maior probabilidade de compreenderam as implicações da doença.

Preparar-se para o diagnóstico

A pessoa que é submetida a uma avaliação para diagnosticar a Demência deve, sempre que possível, decidir se quer receber a confirmação do diagnóstico. Geralmente, se a pessoa estiver consciente de que vai ser submetida a uma avaliação, conseguirá tomar essa decisão.

Antes de avançar com o processo de diagnóstico, é importante falar com o médico sobre a transmissão daquele à pessoa, uma vez que alguns médicos comunicam sempre o resultado do diagnóstico ao paciente.

Caso a pessoa não esteja capaz de compreender as implicações da receção de um diagnóstico de Demência, poderá tomar a decisão de comunicá-lo ou não, com base no seu conhecimento do que poderia ser o desejo da pessoa. Exemplos de questões que o podem ajudar nesta tarefa são: Quais seriam as escolhas, da pessoa, se fosse capaz de entender as implicações? Alguma vez, no passado, a pessoa deu uma indicação de qual seria a sua escolha numa situação semelhante?

Esta decisão é importante e difícil de tomar em nome de outra pessoa. Conversar, previamente, com a família e amigos, assim como com o médico ou especialista pode ajudá-lo.

Deve-se ou não comunicar?

Existem muitas razões para transmitir o diagnóstico à pessoa com Demência:

  • Atualmente é amplamente aceite que as pessoas têm o direito de tomar conhecimento de qualquer informação médica sobre si, desde que esta não lhes seja prejudicial;
  • Muitas pessoas têm a consciência de que algo não está bem. Por isso, o diagnóstico de Demência pode ser sentido como um alívio, pois permite-lhes saber qual a causa dos seus problemas;
  • Tomar conhecimento do diagnóstico pode ajudar a pessoa a compreender a sua situação e a fazer planos importantes para o futuro, particularmente ao nível das questões legais, financeiras e de cuidados de saúde;
  • Tomar conhecimento da doença permite uma discussão honesta e aberta sobre a vivência da Demência, entre a família e amigos;
  • Por facilitar o acesso à informação, apoio e a novos tratamentos

Contudo, existem outras razões para algumas vezes não se transmitir o diagnóstico à pessoa com Demência, nomeadamente:

  • A família é quem melhor conhece a pessoa e saberá como esta reagirá perante o diagnóstico. Assim, torna-se necessário ter em conta a vontade expressa anteriormente sobre se gostaria ou não de ter conhecimento de um diagnóstico como o de Demência. Desta forma, nestas situações é usual a família tentar proteger o seu ente querido não transmitindo o diagnóstico, ou doseando a forma como o transmite, podendo dizer apenas que ?o pai tem problemas de esquecimento?

Lembre-se que
Geralmente é recomendado que a pessoa com Demência tenha conhecimento do seu diagnóstico. No entanto, aquela também tem o direito de não tomar conhecimento caso seja esta, claramente, a sua vontade.

Como comunicar o diagnóstico?

A comunicação do diagnóstico pode ser feita por uma de várias pessoas – médico/especialista, equipa de avaliação ou um familiar. Estes podem falar com a pessoa acerca do seu diagnóstico, individualmente ou em grupo. Talvez deva considerar ter consigo alguém, no momento de transmitir o diagnóstico, como forma de ter um suporte extra.

A transmissão do diagnóstico será mais fácil se for planeada previamente. Cada situação deverá ser avaliada cuidadosamente, uma vez que as respostas individuais podem ser diferentes. Todavia, existem alguns critérios que podem ser úteis quando comunicar o diagnóstico à pessoa:

  • Assegure-se que o local onde irá transmitir o diagnóstico é tranquilo, sem ruídos ou distrações;
  • Fale devagar, de forma clara e diretamente para a pessoa;
  • Transmita uma informação de cada vez;
  • Permita que a pessoa tenha tempo para absorver as informações e para colocar questões. Pode necessitar de acrescentar informação posteriormente;
  • Ter consigo informação escrita sobre a Demência pode ser uma ajuda e fornecer referências úteis. A Associação Alzheimer Portugal tem informações escritas especificamente para as pessoas com Demência;
  • Assegure-se que existe alguém disponível para dar suporte à pessoa depois de esta tomar conhecimento do diagnóstico

 

Que informação deve ser transmitida?

Existem várias coisas que devem ser explicadas, nomeadamente:

  • O motivo pelo qual os sintomas estão a ocorrer;
  • O tipo particular de Demência que a pessoa tem. A explicação deve ser feita de maneira a que a pessoa consiga compreendê-la;
  • Qualquer tratamento possível para os sintomas;
  • Os serviços especializados e programas de apoio disponíveis para as pessoas com Demência

Informar a pessoa de que tem Demência é um assunto sério e que necessita de ser tratado com grande sensibilidade, calma e dignidade.

Pode ser um momento de muito stress para todos, por isso não se esqueça de cuidar de si. A Associação Alzheimer Portugal oferece aconselhamento e apoio às famílias, cuidadores e pessoas com Demência.

Adaptado de Alzheimer Australia