
Condução
Os familiares e cuidadores podem estar preocupados com a pessoa com demência que continua a conduzir. Aqui pode encontrar uma descrição dos efeitos que a Demência pode ter na capacidade de condução e sugestões para ajudar um condutor que foi diagnosticado com demência.
O diagnóstico de Demência não significa que a pessoa fique imediatamente incapacitada de conduzir. No entanto, a Demência produz uma perda progressiva e irreversível do funcionamento mental. A Demência pode causar perda de memória, concentração limitada e problemas de visão. Estas situações afetam o discernimento da pessoa e a sua capacidade de conduzir de uma forma segura. Quando a capacidade da pessoa está afetada, manter a condução representa um risco para os outros e para si própria.
Os condutores têm obrigação de informar à autoridade competente – IMTT, de qualquer condição médica que possa afetar a sua capacidade de conduzir de forma segura. Os diabetes, algumas doenças cardíacas e a Demência são exemplos de condições médicas que necessitam de ser transmitidas, uma vez que podem afetar a capacidade da pessoa conduzir.
A autoridade competente – IMTT, geralmente, irá aconselhar o condutor a consultar um médico. Este irá avaliar se é seguro a pessoa conduzir e por quanto tempo poderá fazê-lo. Se o médico determinar que a Demência está a afetar a capacidade da pessoa conduzir, então poderá colocar restrições na sua licença de condução. Estas restrições podem ser por exemplo: a pessoa só poder conduzir perto de casa, em certas alturas do dia ou abaixo dos 100km/hora. Pode ser solicitado a realização regular de exames médicos e de condução, uma vez que a Demência irá provocar um declínio progressivo na capacidade de condução.
As pessoas têm reações diferentes
O objetivo de cuidar de alguém com Demência é estimular ao máximo o nível de independência. Para as pessoas que vivem sozinhas ou em áreas mais isoladas, pode ser particularmente difícil gerirem a sua vida, sem conduzir. Não poder conduzir um carro pode ser uma ameaça à independência de muitas pessoas. Para alguém que esteja numa fase inicial da Demência, ter de deixar de conduzir pode parecer-lhe perder o controlo e desistir de tudo.
Embora algumas pessoas reconheçam que a sua capacidade está a sofrer um declínio, outras não conseguem fazê-lo ou, simplesmente, esquecem-se que já não podem conduzir. Para outras pessoas, no entanto, não ter a responsabilidade de conduzir poderá ser um alívio.
Sinais de alarme de que a Demência pode estar a afetar a capacidade da pessoa conduzir
Para ajudar a decidir se a pessoa ainda tem a capacidade de conduzir de forma segura, tenha em conta os seguintes sinais de alarme:
- Visão: a pessoa consegue ver a coisas que vêm direito a si (de frente e dos lados)?
- Audição: a pessoa consegue ouvir o som dos carros que se aproximam, buzinas e sirenes?
- Tempo de reação: a pessoa consegue rapidamente virar, parar e acelerar o seu carro?
- Resolução de problemas: a pessoa fica perturbada ou confusa quando acontece mais do que uma coisa ao mesmo tempo?
- Coordenação: a pessoa tornou-se desajeitada ou começou a andar de forma diferente, porque a sua coordenação está afetada?
- Vigilância: a pessoa tem consciência e compreende o que está a acontecer à sua volta?
- A pessoa consegue fazer a distinção entre a direita e a esquerda?
- A pessoa fica confusa em trajetos conhecidos?
- A pessoa consegue distinguir as luzes de parar e avançar dos semáforos?
- A pessoa consegue permanecer na faixa de rodagem correta?
- A pessoa consegue ler um mapa de estradas e seguir caminhos de desvio?
- O humor da pessoa sofre alterações enquanto conduz? Alguns condutores, previamente calmos, podem tornar-se irritados ou agressivos
As alterações no comportamento de condução podem estar a ocorrer desde há algum tempo e não terem sido observadas.
Se tiver preocupações em relação à capacidade de uma pessoa conduzir, tente falar com ela, ou com o médico. Pode, também, contactar a autoridade competente ? IMTT – para discutir as suas preocupações. A autoridade competente poderá contactar o condutor e aconselhá-lo sobre a necessidade de realizar um exame médico e de condução.
Se a pessoa tiver sido aconselhada a não conduzir
- Fale do problema abertamente com o condutor envolvido. Tente encontrar formas de ajudá-lo na decisão de abandonar a condução
- A pessoa pode não entender porque é que tem de deixar de conduzir. Embora possa empatizar com o sentimento de perda da pessoa, deve ao mesmo tempo transmitir a mensagem: «o médico acha mais seguro não conduzir?;
- É melhor evitar uma discussão ou argumentação sobre esta questão;
- Uma carta do médico ou da autoridade competente poderá ajudar a pessoa a aceitar a decisão;
- Tente que a pessoa mantenha as rotinas anteriores, com novas formas de transporte;
- Contacte a junta de freguesia local para tomar conhecimento da existência de transportes comunitários, como por exemplo, autocarros ou outros transportes disponíveis para ir às consultas;
- Providencie saídas que não requeiram a necessidade de a pessoa com Demência conduzir o carro;
- Sugira boas razões para a pessoa utilizar os transportes públicos ou ter alguém que conduza por ela, tais como ficar com menos stress, apreciar a paisagem e poupar os custos da deslocação com o carro;
- Se tudo o resto falhar, esconda as chaves ou imobilize o carro
Apoio aos familiares e cuidadores
Lidar com esta situação pode ser extremamente difícil para algumas pessoas com Demência, suas famílias e cuidadores, e requer grande sensibilidade no seu tratamento. Se necessitar de apoio ou de falar com alguém pessoalmente sobre a sua situação particular, contacte a Alzheimer Portugal para a Sede ou Delegação mais próxima da sua residência.
Adaptado de Alzheimer Australia