
A IX Conferência Pan Helénica sobre Doença de Alzheimer acolhe o V Workshop da Aliança Alzheimer do Mediterrâneo
Nos passados dias 14 a 17 de Março, na cidade grega de Salónica, realizou-se uma importante conferência dedicada à Doença de Alzheimer. Contou com cientistas e investigadores de renome na área das demências, tais como Martin Prince, Jacques Touchon e Sygkliti-Henrietta Pelidou.
A Conferência foi organizada pela Associação Grega de Alzheimer (Hellas), presidida por Magda Tsolaki.
Integrado no programa da conferência, realizou-se o V workshop da Aliança Alzheimer do Mediterrâneo que compreendeu a partilha do trabalho que tem estado a ser desenvolvido pelas 15 associações que a compõem. Especial destaque mereceu o apoio dado pela AMPA (Associação Monegasca para a Investigação sobre a Doença de Alzheimer) à associação de Marrocos:
1) participação no «Rallye des Gazelles»[i] cujo hospital de campanha incluiu uma unidade para rastreio da Doença de Alzheimer;
2) abertura do primeiro centro de acolhimento para pessoas com doença de Alzheimer na cidade marroquina de Essaouira.
A Alzheimer Portugal teve oportunidade de apresentar as suas prioridades no que respeita a um plano nacional para as demências, realçando que, apesar de a problemática não ser totalmente desconhecida pelo poder político, ainda não foi reconhecida como uma prioridade, e as poucas iniciativas que têm surgido, desde 2009, não têm um fio condutor e ainda não se traduziram em benefícios efetivos para o cidadão.
Foi com satisfação que ouvimos Charles Scerri da Associação de Malta apresentar o lançamento da estratégia nacional para as demências no seu país, com especial destaque para a existência de uma brochura, em suporte de papel e na internet, com a versão simplificada, destinada a pessoas com demência[ii]
A Aliança Alzheimer do Mediterrâneo tem vindo a reforçar e a sistematizar o seu trabalho.
Durante a reunião discutiu-se sobre (retirar) a elaboração das recomendações a extrair do inquérito cujos resultados preliminares foram apresentados na Conferência: «Doença de Alzheimer e Mediterrâneo – Trabalhando em Parceria par um Melhor Entendimento» ocorrida em Novembro passado, em Lisboa.
As recomendações são dirigidas aos decisores políticos de cada país, convidando-os a reconhecer a doença de Alzheimer como um prioridade de saúde pública e a adotarem as suas famílias.
De destacar as grandes assimetrias que existem entre os vários países do Mediterrâneo, em especial no que toca ao reconhecimento da autonomia e da individualidade das pessoas com demência. O que foi especialmente notado aquando da abordagem do tema do direito a conhecer o diagnóstico. Alguns defenderam que a pessoa deve ser protegida não se lhe comunicando o mesmo.
Tal como já se verificou no workshop realizado no passado dia 04 de Maio na Fundação Gulbenkian[iii], a falta de motivação e de investimento na detecção dos primeiros sinais da doença, por parte dos clínicos gerais, e encaminhamento para especialista, continua a ser um grande obstáculo ao diagnóstico atempado, mesmo em países como a França, conforme referiu o Professor Jacques Touchon.
A pertinência e a atualidade dos temas de que se ocupa esta Aliança (prevalência, diagnóstico, questões éticas e jurídicas, investigação científica, nomeadamente), a qualidade dos especialistas que aceitaram colaborar na partilha e disseminação dos seus conhecimentos ao serviço desta causa e o propósito de funcionar também como lobby político através da elaboração de recomendações, são tudo motivos para a Alzheimer Portugal se orgulhar de ser membro fundador desde grupo de reflexão e de intervenção.
A Aliança Alzheimer do Mediterrâneo discute já a sua constituição como associação, ou outra forma jurídica que facilite o seu papel de interlocutor junto de decisores políticos e de entidades financiadoras.
[i] https://gazelles-ampa.jimdo.com/
[ii] https://www.activeageing.gov.mt/en/Documents/dimentia%20friendly%20english_full%20book.pdf
[iii] Ver notícia: https://alzheimerportugal.org/pt/news_text-77-1-421-diagnostico-social-da-demencia