Este encontro, que contou com a presença e participação de mais de 200 profissionais de saúde, de serviço social, juristas, agentes da PSP, entre outros, seguiu um modelo de apresentação e discussão de 5 casos práticos sobre os seguintes temas:

1. A demência de início precoce;
2. A sobrecarga do cuidador;
3. A necessidade de um diagnóstico atempado;
4. A demência das pessoas que vivem isoladas;
5. Prestação de cuidados – limites de actuação da família e dos profissionais.

Foi uma iniciativa do projecto Cuidar Melhor que, mais uma vez, demonstrou a sua utilidade, com um enorme dinamismo e profissionalismo.

A actualidade e pertinência dos casos práticos contribuí­ram para uma discussão viva e de grande partilha de experiências por parte dos profissionais que, diariamente se deparam com situações alarmantes de pessoas com demência que vivem sozinhas em condições sub humanas, sem família ou com famílias desestruturadas ou muito vulneráveis; pessoas que vão parar às urgências dos hospitais ou são encontradas nas suas casas, por vezes insalubres, sem água ou luz.

Para estas situações não existem respostas nem jurídicas nem sociais adequadas ou céleres.

As pessoas em situação de incapacidade encontram-se, quase todas, completamente desprotegidas e à mercê de todos os abusos e arbitrariedades, sem ninguém que as represente e zele pelos seus interesses.

As famílias, os profissionais de saúde e de serviço social, sentem-se impotentes e completamente embrulhadas na teia da lei e da burocracia.

Urge criar um regime jurídico das interdições e inabilitações quer a nível da lei substantiva (Código Civil) quer a nível da lei processual (Código de Processo Civil) que, sem deixar de preservar garantias, seja célere, dê resposta, em tempo útil, a situações urgentes e dramáticas e preveja a figura do tutor profissional bem como a possibilidade de uma pessoa colectiva poder exercer esse cargo, à semelhança do que existe, por exemplo, em Espanha. Isto porque, nem sempre existem familiares, ou familiares idóneos, para exercerem a tutela e não se pode continuar a permitir que os processos sejam arquivados por falta de tutor ou que este cargo seja atribuido ao director ou a algum técnico da instituição em que a pessoa se encontra ou de um Provedor da Santa Casa.

A Alzheimer Portugal congratula-se com a realização deste encontro de profissionais que trouxe mais conhecimento específico sobre como cuidar com qualidade, não só da pessoa com diagnóstico de demência mas também do seu familiar cuidador, com respeito pelos seus direitos. Permitiu ainda aumentar a consciência de todos para a necessidade de exigir a mudança.