
Cuidados Paliativos
Os cuidados paliativos desempenham um papel crucial no cuidado da pessoa com Demência que está em fase terminal e no apoio aos seus familiares e cuidadores. Aqui pode encontrar informação sobre as maneiras de prestar apoio à pessoa com Demência, para morrer com dignidade e conforto.
O que são os cuidados paliativos?
O objetivo dos cuidados paliativos é aliviar os sintomas experienciados por uma pessoa em fase terminal de vida, em vez de curar a condição ou as condições que estão a causar a sua morte.
Os cuidados paliativos tradicionalmente têm sido dirigidos para as necessidades das pessoas com cancro em fase terminal. Atualmente são, cada vez mais, reconhecidos como a melhor abordagem para cuidar de pessoas com doenças terminais, incluindo a Demência.
Apesar de existirem evidências consideráveis em relação aos cuidados paliativos, é necessária investigação específica sobre a gestão destes cuidados nas pessoas com Demência.
O que é a Demência em fase terminal?
Alguns grupos de sintomas e comportamentos podem significar que a pessoa com Demência está numa fase terminal:
- Aumento da confusão e desorientação;
- Deterioração do discurso e da capacidade de comunicar;
- Alterações comportamentais significativas;
- A capacidade ou desejo de se mover de forma autónoma pode diminuir;
- A capacidade para o auto cuidado diminui progressivamente;
- A capacidade de comer de forma autónoma desaparece gradualmente;
- Exemplos de outras complicações que ocorrem comummente em várias doenças terminais, incluindo a Demência, são: incontinência urinária e fecal, atrofia e contraturas musculares, aumento da suscetibilidade para o delírio, infeções recorrentes, pneumonia, dor, colapso circulatório periférico, úlceras de decúbito e outras lesões da pele
A manifestação e proeminência dos sintomas vão variar entre indivíduos devido a diferentes processos da doença, diferenças individuais e de condições coexistentes tais como insuficiência cardíaca, diabetes ou cancro.
Planeamento dos cuidados paliativos
Os cuidados paliativos de alta qualidade na fase de Demência terminal são facilitados quando a pessoa com Demência e os seus familiares exploraram algumas questões relacionadas com o tratamento e a gestão. Clarificar os desejos da pessoa relativamente aos cuidados de saúde futuros é importante, uma vez que pode fornecer diretrizes muito necessárias quando a pessoa já não for capaz de expressar a sua opinião.
Em Portugal os tipos de documentação com esta finalidade incluem as procurações ou diretivas antecipadas de vontade / testamento vital.
Medidas de conforto pessoal
Os cuidados paliativos concentram-se em providenciar conforto de uma forma ativa. Todos os indivíduos envolvidos nas tomadas de decisão necessitam de ser flexíveis, sensíveis e realistas quando se debruçam sobre as necessidades de conforto da pessoa que está em fase terminal.
As seguintes áreas provavelmente irão necessitar de atenção e de um planeamento cuidadoso:
- Posicionar a pessoa de forma a promover o conforto;
- Saúde oral;
- Dificuldade em respirar;
- Cuidados da pele;
- Controlo da incontinência;
- Mobilização;
- Apoio pessoal
Gestão de Sintomas
A gestão dos sintomas irá depender da fase da doença e de quaisquer outras condições de que a pessoa possa estar a sofrer. Alguns sintomas que ocorrem em pessoas com Demência, em fase terminal, podem requerer a tomada de decisões difíceis.
O foco deve ser nas questões chave dos cuidados paliativos: Que utilidade tem o tratamento para a pessoa com Demência? Qual a melhor escolha para promover o conforto da pessoa com Demência?
Dor
Existem fortes evidências da dificuldade no reconhecimento da dor em pessoas com Demência. É importante que exista um acompanhamento contínuo e sistemático para avaliar e controlar a dor.
Alimentação e Hidratação
A diminuição do apetite e as dificuldades em comer e engolir são parte normal do processo da doença e frequentemente indicam que a pessoa está a entrar numa fase terminal. Os efeitos da desidratação na doença terminal possibilitam uma diminuição das secreções pulmonares, menos tosse e incontinência.
As questões da alimentação e hidratação são complexas, particularmente se a opção de tratamento levantar questões de alimentação e hidratação artificial. Não existem evidências que demonstrem que a alimentação ou hidratação artificial tenham qualquer benefício para o prolongamento de vida ou para promover uma morte em paz na pessoa com Demência em fase terminal.
Antibióticos
Parece ser muito difícil chegar a um consenso no que concerne à prescrição de antibióticos. As decisões devem ser tomadas de acordo com o contexto e com as especificidades individuais.
Cuidados espirituais
Atender às necessidades espirituais da pessoa com Demência, da sua família e cuidadores é uma parte importante dos cuidados paliativos. A espiritualidade pode ser expressa através de rituais e práticas religiosas. No entanto, para muitas pessoas, a espiritualidade tem outras associações e formas de expressão.
Similarmente, a espiritualidade pode ser manifestada através de um foco em Deus ou noutro ser supremo ou pode existir sem esta devoção.
As famílias e os cuidadores devem sentir-se à vontade para procurar formas de manter estas práticas se forem necessárias.
Morte
À medida que a hora da morte se aproxima, é importante lembrar que a pessoa ainda consegue ouvir e compreender o que lhe está a ser dito. Os familiares e cuidadores podem desejar tocar, abraçar ou segurar a pessoa.
O momento exato da morte pode ser difícil, não só porque significa a partida definitiva da pessoa com Demência da vida dos familiares, cuidadores e prestadores de serviços de cuidados, mas também porque alguns sinais físicos e alterações não têm um padrão fixo.
Após o falecimento, os familiares e cuidadores, podem sentir tristeza, dor, culpa, alívio ou qualquer combinação destas e de outras emoções.
Esta informação é baseada em Demência e Cuidados paliativos, um artigo de autoria de Prof. Jenny Abbey, Fev 2006.
Adaptado de Alzheimer Australia