Lidar com a transição da pessoa para a unidade residencial

Aqui pode encontrar sugestões para lidar com mudança do seu papel após a transição da pessoa com Demência para uma unidade residencial. Incluem-se sugestões práticas para manter uma relação afetuosa e para gerir os problemas que podem surgir quando visitar a pessoa.

Continuar a cuidar

Quando uma pessoa com Demência transita para uma unidade residencial, o papel das famílias e cuidadores não termina. Muitas pessoas optam por se manter envolvidas nas tarefas da prestação de cuidados, tais como ajudar na hora das refeições. Outras, envolvem-se nas atividades sociais da unidade residencial. No entanto, o nível de envolvimento vai variar de acordo com cada indivíduo.

Visitar a pessoa

Visitar é, normalmente, muito importante para o residente e para os seus familiares e cuidadores. Na maior parte dos casos, é a forma principal de os familiares e cuidadores manterem uma ligação às pessoas de quem cuidaram, muito embora já não prestem cuidados no dia-a-dia.

A pessoa com Demência pode apreciar ver outros membros da família ou velhos amigos. Incentive os netos a visitarem a pessoa. Se as crianças forem pequenas, prepare um saco com guloseimas para mantê-las entretidas. Se for permitido pela unidade residencial, leve um animal de estimação.

Visitar a pessoa pode, por vezes, ser difícil, especialmente à medida que as suas capacidades vão sofrendo um declínio. Tente encontrar algumas maneiras de tornar a visita o mais agradável possível.

O que pode tentar

  • Leve jornais e revistas para verem em conjunto;
  • Lerem as cartas de correio;
  • Jogarem jogos que a pessoa anteriormente apreciava;
  • Ouvirem uma música ou uma história;
  • Verem um vídeo que a pessoa aprecie;
  • Verem um álbum de fotografias;
  • Ajudar a decorar e a arrumar o quarto da pessoa;
  • Ajudar no cuidado da aparência pessoal da pessoa, por exemplo lavar ou escovar o cabelo, pintar as unhas, fazer a barba, etc
  • Ajudar a escrever aos amigos e parentes

 

Passear

 A pessoa com demência pode desfrutar de um passeio.

O que pode tentar

  • Dar um passeio curto de carro e, talvez, parar para beber um chá num lugar calmo;
  • Fazer uma visita a outra pessoa na unidade residencial;
  • Dar um passeio ou uma volta ao jardim da unidade residencial

 

Visitar a pessoa nas fases mais avançadas da Demência

Encontre uma atividade que requeira a utilização do maior número de sentidos – visão, paladar, olfato, audição e tato.

O que tentar

  • Dar um beijo ou acariciar a mão da pessoa pode ser reconfortante;
  • Fazer uma massagem nas pernas, mãos e pés com cremes ou óleos perfumados, pode ser agradável para algumas pessoas. A pessoa também pode apreciar cheirar perfumes e flores;
  • Um sorriso ou um olhar reconfortante ou afetuoso pode tranquilizar a pessoa;
  • A música pode proporcionar conforto e familiaridade;
  • As visitas de amigos e parentes, ainda que a pessoa não os consiga reconhecer ou lembrar-se deles, podem estimular e dar conforto;
  • A pessoa pode apreciar ouvir a leitura de um livro ou de um poema favorito;
  • Um passeio ao redor da propriedade, mesmo que seja numa cadeira de rodas, pode ser agradável para a pessoa e para o visitante

Não existe um número correto de vezes para visitar a pessoa ou uma quantidade certa de tempo para ficar. O importante é fazer com que cada visita seja o mais gratificante possível.

A despedida

O fim da visita pode ser um momento muito difícil, tanto para a pessoa com Demência, como para os seus visitantes.

O que tentar

  • Leve algo para fazer na visita. Depois de ter terminado, é hora de se ir embora;
  • Solicite aos funcionários que distraiam o residente ou vá-se embora quando a refeição estiver prestes a ser servida, assim a pessoa vai ter algo mais para fazer;
  • Informe a pessoa no início da visita de quanto tempo vai poder ficar e por que motivo vai ter que ir embora. Por exemplo, “eu posso ficar durante uma hora, mas depois tenho de ir às compras “;

Faça uma despedida breve e parta imediatamente. Persistentemente pedir desculpas ou ficar um pouco mais, pode fazer com que as despedidas futuras se tornem ainda mais difíceis.

Querer ir para casa

Uma frase comum que se ouve em pessoas com Demência, instaladas em unidades residenciais, é “eu quero ir para casa “. Isto pode ser especialmente perturbador para a família e cuidadores.

O ?querer ir para casa? pode ser causado por sentimentos de insegurança, depressão ou medo. Pode ser que ?casa? seja um termo utilizado para descrever memórias de um tempo ou lugar que era confortável e seguro para a pessoa. Podem ser memórias de infância ou de uma casa ou de amigos que já não existem.

O que pode tentar

  • Tente compreender e reconhecer os sentimentos por detrás do desejo de ir para casa;
  • Assegure a pessoa de que vai ficar em segurança. Tocar e segurar pode ser tranquilizador;
  • Recordem momentos passados, vendo fotografias ou falando sobre a infância e família;
  • Tente redirecionar a pessoa com alimentos ou com outras atividades, tal como uma caminhada;
  • Não discorde ou tente argumentar com a pessoa sobre o desejo de ir para casa

 

Grupos de apoio

A Alzheimer Portugal pode colocar as pessoas em contacto com os vários grupos de apoio existentes no país. Muitas pessoas encontram apoio e ajuda através da participação nestas reuniões com outras pessoas que sabem o que é cuidar de uma pessoa com Demência. Os familiares e cuidadores podem estar a cuidar da pessoa em casa, ou a pessoa pode estar a viver numa unidade residencial.

Os grupos de apoio aproximam as famílias, cuidadores e amigos de pessoas com Demência, sob a orientação de um facilitador de grupo. O facilitador é geralmente um profissional de saúde ou alguém com muita experiência em cuidar de uma pessoa com Demência.

Muitas unidades residenciais têm grupos de apoio para os familiares, porque reconhecem as dificuldades expressadas por muitas famílias após a transição da pessoa para a unidade ter ocorrido.

Adaptado de Alzheimer Australia