
Memantina
A memantina é um dos vários fármacos disponíveis para o tratamento da Doença de Alzheimer. Este fármaco pode aliviar os sintomas nas fases intermédias e avançadas da Doença de Alzheimer.
Como funciona a memantina?
A memantina pertence a um grupo de medicamentos designados antagonistas dos recetores N-metil-D-aspartato (NMDA). A memantina tem como alvo o glutamato, que é um neurotransmissor. Os neurotransmissores ajudam a transmitir as mensagens de uma célula cerebral para a célula seguinte. Cada célula nervosa tem um conjunto específico de recetores, que são responsáveis por receberem o glutamato proveniente da célula vizinha.
O glutamato está presente em concentrações mais elevadas nas pessoas que têm Doença de Alzheimer. Quando o glutamato está presente em concentrações elevadas liga-se aos recetores permitindo a entrada excessiva de cálcio nas células cerebrais, o que vai provocar danos nestas. A memantina liga-se aos mesmos recetores, bloqueando o glutamato, o que vai impedir a entrada em demasia de cálcio nas células cerebrais.
A utilização da memantina é apenas uma das várias abordagens farmacêuticas possíveis para o tratamento dos sintomas da Doença de Alzheimer.
O que é que a memantina faz?
O efeito da memantina varia de pessoa para pessoa. Algumas pessoas não notam qualquer efeito. Outras descobrem que sua condição melhora um pouco, ou que permanecem na mesma, quando esperavam ficar progressivamente piores.
As áreas em que algumas pessoas com Doença de Alzheimer podem sentir melhorias são:
- Funcionamento nas atividades diárias (ex.: lavar-se, vestir-se);
- Uma alteração global no pensamento, funcionamento e comportamento (ex.: lembrar-se das rotinas, orientação, competências linguísticas);
Informações gerais sobre o medicamento
A Memantina só pode ser prescrita por um médico. Antes de tomar o medicamento deve ler a bula. Está disponível em comprimidos de 10 mg e de 20 mg ou em solução oral (gotas). Os comprimidos e as gotas devem ser engolidos com água e podem ser administrados com ou sem alimentos. Habitualmente as pessoas começam com uma dose baixa, de 5 mg uma vez por dia. A dose é gradualmente aumentada, ao longo de cerca de quatro semanas, até atingir uma dose de manutenção, tipicamente de 20 mg uma vez por dia.
Este medicamento tem efeitos secundários?
Um pequeno número de pessoas que tomam memantina experiencia efeitos secundários que geralmente são ligeiros a moderados. Estes efeitos secundários podem incluir alucinações, confusão, tonturas, dores de cabeça e cansaço. Fale com o seu médico se estes sintomas ocorrerem.
A memantina não é recomendada nas pessoas com problemas renais graves. É necessária precaução em pessoas com história de epilepsia, doença hepática, problemas cardíacos ou tensão arterial elevada.
A memantina é eficaz em todas as pessoas com Demência?
A memantina não ajuda todas as pessoas que a tomam. A memantina trata os sintomas da Doença de Alzheimer e não é uma cura – não existe nenhuma evidência de que consegue interromper ou reverter o processo de dano celular que causa a doença.
A memantina está aprovada para utilização em pessoas com Doença de Alzheimer moderadamente grave. Existe alguma evidência de que a memantina também pode ser eficaz nas pessoas com Doença de Alzheimer nas fases ligeira a moderada. A investigação demonstrou que a memantina também pode ser eficaz nas pessoas que sofrem de Demência Vascular.
Os ensaios clínicos não demonstraram nenhuma diferença na eficácia da memantina em relação ao género.
Como é que a memantina interage com outros medicamentos para a Doença de Alzheimer?
A memantina funciona de forma diferente dos inibidores da colinesterase, que também estão aprovados em Portugal para o tratamento da Doença de Alzheimer. As pessoas podem tomar a memantina, quer como terapia isolada ou em combinação com um inibidor da colinesterase. Existem algumas evidências preliminares de que a combinação da memantina com um inibidor da colinesterase pode ser mais eficaz do que tomar apenas um inibidor da colinesterase, mas ainda é necessário desenvolver-se mais investigação.
Como obter tratamento
É importante que a pessoa tenha um diagnóstico e avaliação adequada para certificar que tem Doença de Alzheimer e para determinar se está na fase moderadamente grave da doença. Um especialista, tal como um neurologista ou psiquiatra, estará geralmente envolvido nesta avaliação e na prescrição deste fármaco.
Todo e qualquer medicamento só pode ser prescrito por um médico. Só o médico tem conhecimentos para prescrever um medicamento, alterar a sua dosagem ou eliminar o medicamento do tratamento da pessoa;
Existe algum subsídio disponível para este fármaco?
A memantina é comparticipada, no escalão C (37%), pelo Serviço Nacional de Saúde. Os pensionistas com determinados rendimentos beneficiam ainda de um acréscimo na comparticipação de 15% ou 95% para os casos em que o preço de venda ao público exceda certo valor.*
Onde posso obter mais informação?
As informações sobre a medicação e as comparticipações sofrem alterações regularmente. O despacho mais recente sobre a comparticipação destes medicamentos é o Despacho n.º 13020/2011 do Diário da Republica n.º 188, Série II de 29/09/2011 e está disponível em: https://www.sg.min-saude.pt/NR/rdonlyres/B9EBB192-952E-4C97-94FD-6B54A9F75A58/27524/3884838849.pdf.
O seu médico de família, especialista e farmacêutico também são importantes fontes de informação.
Que perguntas deve fazer ao seu médico sobre qualquer medicamento que lhe seja prescrito?
- Quais são os potenciais benefícios de tomar este medicamento?
- Quanto tempo demora até se sentir alguma melhoria?
- O que se deve fazer quando não se tomar uma dose?
- Quais são os potenciais efeitos secundários?
- Se existirem efeitos secundários, a dose deve ser reduzida ou o medicamento deve ser interrompido?
- O que acontece se o medicamento for interrompido de repente?
- Que outros medicamentos (prescritos ou de venda livre) podem interagir com esta medicação?
- Como é que este medicamento pode afetar outras condições médicas?
- Existem algumas alterações que devem ser reportadas imediatamente?
- Quantas consultas com o médico serão necessárias?
- O medicamento é comparticipado?
A Alzheimer Portugal reconhece que os fármacos atualmente licenciados para a Doença de Alzheimer não são uma cura. Contudo, é evidente que estes fármacos melhoram a qualidade de vida de alguns indivíduos com Doença de Alzheimer.
Adaptado de Alzheimer Australia