
Há uma nova esperança para os doentes de Alzheimer. A descoberta que promete novos avanços no tratamento desta demência partiu de um grupo de investigadores militares norteÂ-americanos com o propósito de recuperar a memória dos combatentes que sofreram lesões cerebrais durante os tempos traumáticos de guerra, mas pretendeÂ-se que seja desenvolvida de modo a servir igualmente os doentes de Alzheimer, patologia marcada precisamente pela perda de memória.
De acordo com o que os cientistas da Defense Advanced Research Projects Agency defenderam numa conferência que realizaram há dias no Texas, nos EUA, será revelado muito em breve um novo implante a ser aplicado no cérebro, que promete restaurar a memória. No fundo, segundo explicaram, trataÂ-se de uma espécie de estimulador, cuja investigação, no valor de milhões de euros, está a ser financiada pelo governo de Barack Obama.
«Achamos que vamos ser capazes de desenvolver dispositivos neuroprostéticos que conseguem funcionar como um interface direto para uma relação com o hipocampo e, assim, restaurar o principal tipo de memórias que pretendemos ver recuperadas, as memórias declarativas», explicou Justin Sanchez, um dos militares da agência DARPA, citado pela Associated France Press.
Como o neurologista Celso Ponte referiu à NOVA GENTE a propósito do Dia Mundial da Doença de Alzheimer, estamos cada vez mais perto de erradicar esta patologia: «Têm sido feitos grandes progressos no conhecimento dos mecanismos íntimos desta doença.» Porém, sublinha, não tem sido fácil transpor essas descobertas para um medicamento que possa ser tomado pelo ser humano.
Pioneirismo em Coimbra
A boa notícia chegou no início deste mês e dá conta de que, pela primeira vez, foi aplicado em Portugal, em contexto clínico, um teste de memória desenvolvido nos EUA que pode ajudar ao diagnóstico precoce da doença de Alzheimer. Os autores da investigação são da Universidade de Coimbra e, num comunicado enviado à agência Lusa, explicam que este teste permitirá verificar se as pessoas com os primeiros sinais de demência poderão evoluir para Alzheimer.
O chamado Teste de Recordação Seletiva Livre e Guiada (TRSLG), criado nos anos 80 pelo especialista norteÂ-americano Buschke e aplicado em inúmeros países da Europa, foi transposto para a nossa realidade por equipas das faculdades de Psicologia, de Medicina e de Letras de Coimbra.
Segundo Raquel Lemos, primeira autora do artigo acabado de publicar na revista científica britânica Journal of Neuropsychology, que dá conta dos resultados de um estudo que envolveu 100 doentes com Défice Cognitivo Ligeiro (DCL) e 70 com Alzheimer, aqueles «revelaram sensibilidade e precisão elevada na diferenciação entre os doentes com DCL com mais riscos de desenvolver Alzheimer e os que apenas manterão a memória diminuída».
Deste modo, contribui para um diagnóstico precoce. Ainda segundo a mesma fonte, os exames pioneiros realizaramÂ-se no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, decorrendo paralelamente num grupo de controlo composto por pessoas saudáveis.
Sinais de alerta da doença
Sendo uma das doenças mais temíveis, perceber quando deve dar o alerta pode ser fundamental. Para procurar os sinais mais frequentes apresentamos a seguinte lista que deve ter em conta. De qualquer forma, deve saber que cada pessoa pode ter um ou mais destes sinais.
Muitos dos sintomas da doença de Alzheimer podem ser, de igual modo, sintomas de outras doenças… Por isso, caso encontre estes sinais, deve consultar o seu médico para desfazer quaisquer equívocos.
1 – Esquecimento de informações recentes
2 – Demorar a fazer coisas que habitualmente são rápidas
3 – Dificuldade em executar tarefas diárias
4 – Perda da noção de datas ou estações do ano
5 – Problemas em perceber imagens
6 – Não conseguir manter conversas
7 – Colocar as coisas em lugares desadequados
8 – Pouco discernimento
9 – Afastamento do trabalho e da vida social
Fonte: Nova Gente