Dois prémios, 400 mil euros, e a vontade de melhorar os cuidados de saúde

Promover os cuidados de saúde de excelência é o objectivo da Santa Casa da Misericórdia ao criar dois prémios para distinguir a investigação em Portugal. Os Prémios Santa Casa Neurociências têm um valor total de 400 mil euros (200 mil cada prémio) para investir em trabalhos relacionados com a recuperação e tratamento de lesões vertebro-medulares (Prémio Melo e Castro) e com doenças associadas ao envelhecimento, como Parkinson e Alzheimer (Prémio Mantero Belard).

?Há mais de cinco séculos que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa assumiu a missão de apoiar toda a população, de melhorar a qualidade de vida dos que mais precisam, promovendo mais saúde, mais cultura, mais educação. É, por isso, nosso desafio procurar as respostas mais adequadas a cada momento, de maneira muitas vezes pioneira, para cumprir este objectivo?, diz ao Ciência Hoje, Pedro Santana Lopes, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

A criação dos Prémios Santa Casa Neurociências é uma resposta a esse desafio. «Nesta administração entendemos que era o momento de investir directamente em investigação para promover o desenvolvimento de novos conhecimentos e de novas técnicas em áreas em que a instituição actua e que acreditamos serem prioritárias, nomeadamente, a recuperação ou tratamento de lesões vertebro-medulares e a compreensão, prevenção, tratamento e cura de doenças neuro-degenerativas associadas ao envelhecimento?, adianta o entrevistado.

A iniciativa conta com a colaboração de João Lobo Antunes, neurocirurgião e presidente do júri, o investigador Alexandre Quintanilha e o neurologista António Damásio. Associam-se a estes prémios as universidades de Lisboa, Porto, Coimbra e de várias sociedades médicas nacionais, como a Sociedade Portuguesa de Neurociências, a Sociedade Portuguesa de Neurologia ou a Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação.

?Honra-nos também a presença do Professor Doutor George Perry, “Dean” do College of Sciences e Professor de Biologia na Universidade do Texas, em San Antonio, um nome reconhecido no campo da investigação da doença de Alzheimer e um dos principais investigadores nesta área?, sublinha Pedro Santana Lopes.

As descobertas na área do desenvolvimento do cérebro «são desafios prioritários no contexto actual e que vêm ao encontro do que tem sido o trabalho desenvolvido pela Santa Casa na Saúde», pormenoriza o Provedor.

A aposta nas neurociências prende-se também com a promoção de um envelhecimento mais digno. Alzheimer e Parkinson são patologias associadas ao envelhecimento e «estima-se que haja 153 mil portugueses a sofrerem, actualmente, destas doenças. E prevê-se que o número quase que duplique até 2030 e triplique até 2050. Este é um dos maiores desafios para o século XXI, segundo a Organização Mundial de Saúde, e por isso temos de dedicar todo o esforço financeiro possível para procurar novas abordagens e tratamentos?, comenta Pedro Santana Lopes.

O Prémio Melo e Castro para investigação na área das lesões vertebro-medulares é uma continuação do trabalho da Santa Casa da Misericórdia que foi «pioneira em Portugal em cuidados de reabilitação, com a abertura do Centro de Medicina Física e de Reabilitação de Alcoitão, em 1966?, relembra o entrevistado.

Pedro Santana Lopes conclui que os Prémios Santa Casa Neurociências são «sem dúvida, uma aposta estratégica para a Santa Casa, para o país, para a promoção de uma maior qualidade de vida para todas as pessoas, com mais dignidade e mais Saúde? e um acreditar «no valor dos nossos especialistas e investigadores e queremos dar-lhes mais meios, mais ferramentas para levar mais longe a Ciência e a prática médica?.

Fonte: Ciência Hoje