
Testemunho
Ontem a minha Mãe (83 anos, Alzheimer fase 6 na escala de 1 a 7) caiu e bateu com a parte de trás da cabeça ? fazendo um grande “galo”, hematoma. A seguir parecia sentir-se bem e não ter sequelas, mas pelo sim, pelo não fui, com ela às urgências do hospital.
Receberam-nos muito bem, expliquei o que tinha acontecido e que a minha Mãe é doente de Alzheimer. Depois da triagem levaram-na numa cadeira de rodas para dentro das urgências, não me deixando acompanhar, apesar de eu ter dito que seria melhor para ela.
Passei à sala de espera e fiquei à espera. Uma hora e tal depois, sem ter notícias, fui perguntar de novo ao balcão de triagem.
Disseram-me que o médico tinha pedido uma TAC e aconselharam-me ir perguntar a outro balcão (informações) o que se passava. Fui. Disseram-me que estava à espera de vez para a TAC e para voltar a perguntar daí a meia hora. Esperei, voltei a perguntar. Aí disseram-me que ela estava muito agitada e que não tinham conseguido fazer a TAC e que, provavelmente, a teriam de sedar para fazer o exame. Insisti que bastaria a minha presença para a acalmar e se poder fazer tudo. A senhora que atendia no balcão de informações, muito atenciosa, foi perguntar se seria possível, e finalmente foi autorizado que eu entrasse.
Encontrei a minha Mãe numa maca, amarrada de mãos e pés, muito angustiada e perturbada, a querer soltar-se sem conseguir. Fui para junto dela, e acalmou-se em poucos minutos. Sugeri que eu a pudesse acompanhar para ir fazer a TAC, e como viram que eu a acalmara com toda a facilidade, deixaram. Lá fui, e correu tudo bem. Em breve a minha Mãe tinha os dois exames feitos. Ficou mais algumas horas em observação comigo por perto e, finalmente, teve alta, visto não se terem detectado complicações.
Penso que as duas horas iniciais que eu não presenciei e que devem ter sido de grande sofrimento para a minha Mãe, por se ver num sítio desconhecido, sem compreender porquê e com pessoas a tentarem fazer-lhe exames que ela não compreendia, podiam ter sido totalmente evitadas, se simplesmente me tivessem deixado acompanhá-la desde o princípio.
Francisco Cruz Sobral
2010