
A semana passada terminou mais um Grupo Psicoeducativo da Alzheimer
Portugal. À medida que estes Grupos se vão realizando vou enraizando mais fundo
em mim a convicção da importância, do valor acrescentado, dos benefícios que
estes Grupos proporcionam não apenas aos Cuidadores de Pessoas com Demência que
neles participam, como também, às respetivas famílias. Tal acontece na medida
em que obter informação e refletir sobre alguns comportamentos para lidar com
as alterações psicológicas e comportamentais da Pessoa com Demência (PD),
implica necessariamente uma alteração do comportamento do Cuidador, com
consequente impacto na restante família. Este Grupo teve uma característica,
não presente em Grupos anteriores, isto é, neste estiveram também presentes filhos
de Cuidadores Principais (segundo a terminologia do Estatuto do Cuidador). Este
facto manifestou-se muito benéfico para as respetivas famílias.
Penso que para confirmar o que acabei de partilhar, nada melhor, do que os
testemunhos dos próprios participantes, na última sessão:
- “(…) Outra
conquista muito importante foi a de compreender melhor o que uma pessoa com
demência possa estar a sentir, permitiu-me pôr no lugar do meu pai (PD). Houve
também um misto de informações que me ajudaram a refletir não apenas na minha
relação com o meu pai como também na minha relação com a minha mãe – que é quem
cuida a tempo inteiro do meu pai. Por outro lado, foi também curioso e,
completamente fora das minhas expectativas, falar de algo que não tem haver com
Demência, mas que foi possível e importantíssimo, dado que existe no Grupo
alguém que passou por algo muito semelhante a mim.” - “O Grupo
ajudou a alargar os horizontes, a sentir a importância de ficarmos mais
sensíveis, predispostos a dar amor ao nosso familiar com Demência,
independentemente da relação prévia. Percebemos o valor da empatia e a
necessidade de trabalhar a paciência. Aprendi também a saber o que devo e o que
não devo dizer.” - “Participar
no Grupo permitiu-me encontrar uma série de respostas, com um maior
entendimento do que se está a passar com o meu familiar com Demência e, também,
contribuir para o mesmo junto da minha família, dado que partilhava sempre com
eles o que tínhamos refletido ao longo da sessão.” - “Confirmei
que não existe escola para filhos, tal como já sabia que não havia uma escola
para pais. É no dia-a-dia que aprendemos as estratégias, bem como nesta troca
de experiências que foi possível no Grupo”
Termino com a seguinte partilha: “Ao longo destas 10 semanas, todas as 4as
feiras pensei: ‘Ainda bem que existiu esta hora e meia de conforto na minha
vida 🙂 !’”
Patrícia Charters
Psicóloga